segunda-feira, 12 de abril de 2010

Sobre Hedonismo e Podridão

Primeiramente, me perdoem por ser anti-poético no título. É inevitável transparecer a beleza inerente ao que é repugnante ao escrever minhas poesias, e minha atual leitura (presente e recomendação de minha comparsa, Yndiara) não me deixa escapar ao tom melancólico de Baudelaire.
Trivialidades à parte, vamos ao texto propriamente dito, e portanto as motivações deste. A prosa, ao contrário da poesia que pode se ausentar de qualquer sentido afora a beleza, precisa de um motivo, de uma justificativa. A justificativa deste pequeno pedaço de prosa é explicar o título desse blog.
Primeiro gostaria de fazer uma confissão embaraçosa: não pensei no título deste pedaço de minha alma antes de nomeá-lo. Nunca o faço. Nomeei este blog como quem nomeia uma poesia... fechei os olhos e pesquei uma imagem das profundezas do meu baço moribundo, e, sem sequer saber a que esta imagem remetia, pintei-a. Eu sou uma ferramenta que faz beleza através de pura ignorância, entretanto desaprovo-a e jamais quereria que ela estende-se seus braços citoplasmáticos até vocês, leitores.
Hedonismo é muitas vezes tratado como um sinônimo de orgulho, ou egoísmo. Mas não sejamos assim, superfíciais. O hedonismo vem do grego hedonê (tenho um amigo filósofo que pode sustentar isso) e traduz diretamente para prazer, assim nomeia uma linha de pensamento filosófico que põe o prazer como supremo bem, ou ainda que mede as ações humanas não através da ética, ou dos efeitos por elas produzidos, mas sim atravéz do seu potencial de gerar prazer ou dor.
Sou contrário a tudo que gere a dor, ou ainda o desprazer. Entretanto confesso que o sentido de prazer é discutível! Não sei qual o padrão que a palavra segue nos textos acadêmicos, e sequer tenho a pretensão de saber - veja minha ignorancia aflorando novamente, por favor não sigam meu exemplo -, mas um prazer supremo necessita também do prazer do outro. Aliás, doS outroS, pois quando falo em prazer não me refiro apenas ao sexual, mas a sensação que tenho quando brinco com meu cão, quando almoço em família, ou saboreio uma taça de vinho. Prazer gera prazer. Desconforto gera desconforto.
O hedonismo é maravilhoso quando compartilhado. Entretanto a idéia do prazer próprio sobrepujando o prazer de toda uma comunidade, ou de uma outra pessoa sequer, é nojenta. Me perdoem a falta em não citar o estupro, a pedofília, a psicopatia e todas essas anormalidades. Não entendo delas, e ao menos nesse meu território as expurgarei. Se quiser ler ou ouvir sobre isso e sentir-se indignado, por favor retire-se desse blog e vá até algum portal de notícias, ou ligue seu televisor. O meu argumento limitar-se-á ao entendimento do prazer que nos remete ao pecado, a danação, a auto-culpa. Esse prazer sim, é fétido, é putrido, e é egoísta.
Longe de fazer mal a alguém, este blog é sim egoísta. E dá-me um prazer insáciavel.

Prometo que não me perdoarei novamente por nada, embora esteja tentado a fazê-lo. Minha escrita é repleta de condolências e inseguranças porque ela não me agrada. É uma coisa pessoal.
Em tempo, se você pode tirar alguma conclusão desse texto, ignore-a. Se há algo que repudio mais que a ignorância é a conclusão. Nada termina. Nada que é belo, ou minimamente inteligente deveria terminar. Apenas leia se lhe interessar, e minha idéia será infinita.

Um comentário:

  1. Maravilhoso o texto!!!! Diz tudo o que vai na alma humana. São sentimentos que negamos sentí-lo, mas que está lá pulsando forte e intensamente em nossa alma.

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