quarta-feira, 31 de março de 2010

O Diabo

De repente pode não interessar, mas tenho este texto que escrevi para uma grande amiga sobre o significado da carta do Diabo no tarot e, por que não, do ícone do diabo na cristandade... Tenho pouca prosa, e pouquíssima prosa de qualidade, mas espero que gostem...

O Pobre Diabo

Há algum tempo atrás existia uma jovem que morava só numa pequena casa, vizinha de uma campina. Como era solitária passeava pela campina durante o entardecer, colhia flores e voltava para casa.
Até que um dia durante seu passeio rotineiro deparou-se com um bode, nunca vira por lá semelhante figura; de cor negra e olhos amarelos parecia estar bem atento à presença alheia. A jovem teve medo e tentou vagarosamente se afastar do animal que sem nenhuma cerimônia deu-lhe as costas e se foi. Ela continuou com medo, porém, fascinada com o estranho ato do bode, e curiosa sobre sua origem, o seguiu.  Depois de muito andar criou coragem para a aproximação, notou vários machucados por todo o corpo da besta, compadeceu-se e levou o pobre bode para casa. Tratou-o, alimentou-o e tomou-o como amigo.
Deixou de dar seus passeios, pois agora tinha a companhia de um ser vivo, passou a dividir seus segredos com ele. Como era um animal contou-lhe também seus maiores desejos, seus pensamentos mais indecentes, vergonhosos e mesquinhos, deixou de se sentir triste e diferente.
Apesar de ter externado pensamentos horríveis e animalescos se sentia agora despida deles, pura e serena, não era mais sufocada pela ânsia da fala ou pela imoralidade do inconsciente.
O Bode desde então deixou de ser um simples amigo para ser um instrumento de limpeza, quem tomava a culpa por todas as dores de sua dona para curá-la.
A horrenda besta malévola que outrora encontrara, agora era o essencial para o bem estar, mas nunca foi mais do que nasceu para ser: um animal; selvagem, impuro, perigoso, fascinante e divino.

EU

Sou estrutura em construção
de crescimento bifurcado
longitudinalmente,infinitamente
ramificado

de fruto tão alto
que de tanto mistério
de tanto perigo
e de tanto pecado

nem mesmo Ofélia -
a serpente de Eva -
prová-lo-ia de bom grado.

Explicações...

Pois é... fiz um blog! Eu que acredito que ainda deveríamos escrever a caneta de pena, afim de sentir o cheiro da tinta molhando o papel, eu que nasci no século errado, num século um pouco por demais avançado, eu, eu mesmo, fiz um blog. A intenção não é ser poético, ou ser maçante... Talvez, só talvez, eu me contente em apenas ser.
Diria que tudo começou hoje, mas é uma mentira. Não, nem tudo começou hoje.  Cheguei até a fazer um blog antes e postar algumas coisas interessantes. Daí, excluí. Sem dó. Excluí blog, excluí orkut, deletei minha vida da rede, e refiz tudo de novo, contudo, sem blog. Hoje, matando o tempo do ócio visitei as páginas de amigos, conhecidos, e desconhecidos. Vi muita coisa interessante, e muita coisa extremamente irrelevante, e também coisas concomitantemente interessantes e irrelevantes. Eu , inevitavelmente, pensei assim: se qualquer um escreve qualquer coisa, eu também posso. Talvez um rompante de hedonismo!
Tudo de bom que já fiz na vida fiz assim, por impulso. E aí vamos nós! Seja bem vindo. Não sei quanto dura, não sei quando excluo, quando atualizo... Mas seja bem vindo. Proponho a criação de um relacionamento íntimo entre eu e você, leitor, eu e você, a rede, eu e você, eu mesmo. Façamos um pacto: eu escrevo e você lê, que é o que ambos careçemos de fazer.