quinta-feira, 24 de abril de 2014

Sentidos

Não há música no mundo que me defina.
Sou um quebra-cabeça sem peças,
uma figura preta, em branco,
um tangram de peças burlescas
de formas sem formulas reais que as descreva.
Meio que como um enigma,
cuja resposta não existe
nem sequer faz sentido,
eu sigo.
Não tem outro jeito
senão morrer sozinho.


sábado, 12 de abril de 2014

Sobre Trens


23 de Fevereiro de 2014
17h15 - CPTM



Um retrato do que de fato é o Brasil está nos trens.
Capitalismo acirrado de produtos de má qualidade, serviços que põe o usuário em situação de desconforto, cargas roubadas, opressão.
Situação: três vendedores ambulantes entram, um após o outro no mesmo trem lotado.; todos compram algo, todas as vezes.
São trabalhadores, estudantes, idosos. São idosos daqueles amantes do capitalismo e da política de direita, daqueles que batem cartão no noticiário das oito para reclamar do transporte, dos serviços, dos salários, das pensões, das qualidades daquilo que compram. São daqueles que culpam um rubro comunismo e as idéias anti conservadoras pelos problemas do capitalismo e de seu próprio conservadorismo exacerbado. Culpam e reclamam, sequer percebendo que fazem parte e alimentam esse micro-sistema perverso que são as vendas clandestinas nos trens da CPTM de bom grado.
Ao meu ado, sentado no chão, há um jovem com uma tatuagem de um saco de dinheiro. Como ele tenho em mim marcado aquilo que considero importante. Ao contrário dele, desejaria não participar dessa máquina, ser menos Homo sapiens.
Não vejo mal em querer ser abastado. Não vejo mal em desejar posses, em almejar o luxo, em satisfazer o bem estar, por vezes - uma barra de chocolate - tão ingênuo. Sequer vejo mal em querer todo esse capitalismo. Não me agrada a vivência humana, mas essa ainda pode ser perdoada. Me enoja a fealdade dessa alegoria realista. Eis o que me enoja: a consciência.