quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Lupanar

Pareço um ser devasso quando falo em sexo... Tenho opiniões muito bem formadas quanto ao tema, como qualquer adolescente inteligente deveria ter, mas temo que você, caro leitor, não compartilhe das minhas opiniões. Logo, estando eu nesse momento de não-ócio que precede às provas da faculdade, e ainda assim com uma vontade incrível de causar a polêmica - pois perceba, eu escrevo senão para causar a polêmica - venho por meio do texto de Augusto dos Anjos, poeta que sempre amei sobre todas as coisas, escarrar na cara da sociedade. Não se preocupe, abaixo segue o poema, e a poesia tem a força de me fazer calar. Sinta-se brindado, caro leitor, com o poema e, sobretudo, com o meu silêncio.


O Lupanar

Ah! Por que monstruosíssimo motivo
Prenderam para sempre, nesta rede,
Dentro do ângulo diedro da parede,
A alma do homem polígamo e lascivo?!
Este lugar, moços do mundo, vêde:
É o grande bebedouro colectivo,
Onde os bandalhos, como um gado vivo,
Todas as noites, vêm matar a sede!
É o afrodístico leito do hetairismo,
A antecâmara lúbrica do abismo,
Em que é mister que o gênero humano entre,
Quando a promiscuidade aterradora
Matar a última força geradora
E comer o último óvulo do ventre!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

It would be comic, if wasn't half tragic...

A little while ago, actually in the post just before this one, a great friend asked mo to write in English, and so I shall do! Another great friend today, who has a humor blog, also asked me to see a video in there (www.peruassassino.com is the web site), and I did it!!!
Therefore, all I can say is that this is a very singular post, in the sense that here lays the first video ever in this blog - and more remarkably the first comic video. Also, here lays an strange metaphor (extended metaphor, I shall remember from Mr. Purnell's remarks), which falls both in the fields of ludicrousness and tragedy. That the curtains are opened to the show, and that the metaphor gets started:



The video talks about the petrol stain that was left (and is still there!!!) in the ocean just a while ago - just in case you are not that smart let me highlight that "save the fish" and "approaching Louisiana" were not random phrases. What is cool is that the coffee could have being cleared up fastly and easely, by using one of their blazers to whipe it up! The same works for the petrol... There is technology out there to make up for that, however it is expensive to solve the problem, and cheaper to find guilt people. I'd also highlight that the guy could not eat the fish, and that all the laptops are probably gone... Do I have to say that the costs will be greater to us in the ocean case? I guess I don't.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Infância...

Caro leitor, um dia eu nasci. Parece óbvio, mas como diz meu mestre na filosofia da matemática, não é. Afinal eu poderia nunca ter nascido. Eu poderia não escrever, e nesse caso meu nascimento também não lhes teria nenhuma relevancia. Como se não tivesse nascido.
Não me importo com a história da minha infância. Aliás, me importo, mas você não se importa. Eu admiro isso. Admiro que possa me conhecer sem se perguntar: de onde veio? Admiro, porque eu não posso. Por esse motivo uma conversa comigo, tenho certeza, deva ser meio maçante... Se quer conhecer minha história se dirija a mim, não a meus textos, que paulatinamente descobrirá coisas que sequer eu sei. Acontece que, quando conheço um estranho, seja este o estranho que for, me abro como um livro.
Eu sou como um museu, com todos seus arquivos prontos para serem pesquisados. Gosto de ser assim. Transparente. Histórico. Pensante. Recursivo. O problema é que me parece que as pessoas não gostam disso. Não que álguem se importe com a transparencia alheia, mas é que a confidencia de minha vida, de certa forma, pressupõe a confidencia das outras vidas. O conhecimento é mútuo. O conhecimento é sempre uma troca. E a maioria das pessoas tendem a empurrar para baixo de seus orgãos vitais todos os fiapos de sinceridade que lhes restam. A verdade assusta as pessoas. Essa minha abordagem, necessáriamente, assusta as pessoas.
Desta forma me dou conta da minha natureza solitária. Não importa quantas pessoas estejam a minha volta, sou só. Mesmo quando converso, não converso, falo. Falo desmesuradamente, e afasto a todos que não querem falar também desmesuradamente. Ás vezes percebo, no meio de uma frase, que não estou sendo ouvido. E pior que perceber isto, é perceber que não me importo. Eu não tenho problemas em ser ignorado. Eu não falo para ser ouvido. Eu não escrevo para ser lido. Eu falo por uma necessidade pessoal em falar. Falar é um vício. Falar é uma necessidade. Falar é a única forma de apreender, e eu tenho por princípio a ciência que é a apreensão de todas as coisas a minha volta.
De uma maneira estranha, a tristeza me acomete. Não por ser só. Não por ser não-ouvido, não-lido. Não sei por quê. Talvez seja apenas por ter tanto a dizer. Tenho uma mente singular, que funciona de forma jamais vista antes. Tenho um coração de artista, uma atração pela beleza pura da vida que poucas pessoas no mundo já tiveram. Ainda assim, nada disso conta. Eu gosto de passar desapercebido, mas a perda que o mundo tem em não me perceber me dói. Não quero parecer orgulhoso - o quê pressupõe que eu pareça orgulhoso. Mesmo assim, caro leitro, lhe contemplo com essa verdade.
Se não interessar, faça como disse: não leia. Deixe-me só.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Á Divisa da Loucura

As palavras ao vento,
as idéias no tempo -
a calmaria -
doce e leve brisa que carrega meu amor,
que lava meu rancor.

Sou poeta sim,
e louco também;
pois digo essas palavras neste momento
sem saber aonde o vento
as levará através do tempo.

Neste momento,
já sei que aprendi a amar,
já sei que a paciência é um luxo,
ao qual poucos se dão.

Já sei que um abraço é divino,
que a vida é passada a limpo,
que vivo da paz que sinto,
que morro, mas não minto.

E que isso para poucos faz sentido.

domingo, 13 de junho de 2010

LUTO

Quando morre um amigo, mesmo que tenha passado apenas dias em nossas vidas, morre uma parte de mim que foi levada junto...
Sara, tua memória vive em teus amigos... mesmo que nossa história de vida não tenha seguido junta por tanto tempo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Arapuca

A morte é tão rápida a chegar!
Entretanto a vida
se demora a passar.
Demora a passar este momento,
e quando passa
foi-se meu tempo.
Veloz é para esquecer
 a memória persistente,
mas demora-se a compreender
o que se passa no presente.
Demora-se a aprender,
demora o agora do viver.
No entanto,
vão-se os anos,
vai-se o amor,
vem a pressa
e o temor.
Vem a correria
cada vez mais apertada.
Vem a falta de tempo.
Do tempo que caminha para a morte,
caminha tão rápido para a morte!
E demora a fechar meus cortes,
a curar meu coração...
A livrar-me da exaustão
e do cansaço interminável.
Do tédio,
da pressa
tão abominável!
Não tenho tempo.
Tenho pressa.
Não tenho dores,
mas tenho lágrimas.
Lágrimas que rolam
e desperdiçam esse tempo.
Tenho que ser paciente.
Minha paciência é tão preguiçosa!
E, todavia,
ela também tem pressa.
Ela também tem medo.
Tem medo de se esquecer,
medo de não haver mais tempo
para viver.
Medo de sofrer
e, porém
não aprender!

Estou imensamente feliz com meu aniversário hoje, mas não é possível deixar de pensar que o tempo está passando... Caminhando sádica e aceleradamente para a morte.