quinta-feira, 17 de junho de 2010

Infância...

Caro leitor, um dia eu nasci. Parece óbvio, mas como diz meu mestre na filosofia da matemática, não é. Afinal eu poderia nunca ter nascido. Eu poderia não escrever, e nesse caso meu nascimento também não lhes teria nenhuma relevancia. Como se não tivesse nascido.
Não me importo com a história da minha infância. Aliás, me importo, mas você não se importa. Eu admiro isso. Admiro que possa me conhecer sem se perguntar: de onde veio? Admiro, porque eu não posso. Por esse motivo uma conversa comigo, tenho certeza, deva ser meio maçante... Se quer conhecer minha história se dirija a mim, não a meus textos, que paulatinamente descobrirá coisas que sequer eu sei. Acontece que, quando conheço um estranho, seja este o estranho que for, me abro como um livro.
Eu sou como um museu, com todos seus arquivos prontos para serem pesquisados. Gosto de ser assim. Transparente. Histórico. Pensante. Recursivo. O problema é que me parece que as pessoas não gostam disso. Não que álguem se importe com a transparencia alheia, mas é que a confidencia de minha vida, de certa forma, pressupõe a confidencia das outras vidas. O conhecimento é mútuo. O conhecimento é sempre uma troca. E a maioria das pessoas tendem a empurrar para baixo de seus orgãos vitais todos os fiapos de sinceridade que lhes restam. A verdade assusta as pessoas. Essa minha abordagem, necessáriamente, assusta as pessoas.
Desta forma me dou conta da minha natureza solitária. Não importa quantas pessoas estejam a minha volta, sou só. Mesmo quando converso, não converso, falo. Falo desmesuradamente, e afasto a todos que não querem falar também desmesuradamente. Ás vezes percebo, no meio de uma frase, que não estou sendo ouvido. E pior que perceber isto, é perceber que não me importo. Eu não tenho problemas em ser ignorado. Eu não falo para ser ouvido. Eu não escrevo para ser lido. Eu falo por uma necessidade pessoal em falar. Falar é um vício. Falar é uma necessidade. Falar é a única forma de apreender, e eu tenho por princípio a ciência que é a apreensão de todas as coisas a minha volta.
De uma maneira estranha, a tristeza me acomete. Não por ser só. Não por ser não-ouvido, não-lido. Não sei por quê. Talvez seja apenas por ter tanto a dizer. Tenho uma mente singular, que funciona de forma jamais vista antes. Tenho um coração de artista, uma atração pela beleza pura da vida que poucas pessoas no mundo já tiveram. Ainda assim, nada disso conta. Eu gosto de passar desapercebido, mas a perda que o mundo tem em não me perceber me dói. Não quero parecer orgulhoso - o quê pressupõe que eu pareça orgulhoso. Mesmo assim, caro leitro, lhe contemplo com essa verdade.
Se não interessar, faça como disse: não leia. Deixe-me só.

2 comentários:

  1. I wish you'd write in English, Esau :) the google translator is not very good (although not the worst), and I really like what you write! This text is great.

    x Julianne (from Southport, remember? ;p )

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  2. Yeah! I do remember haushua Gonna try write in english next time, all right? ^^ I'm only afraid I can't be all this porsh in my non-native language hehe

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