domingo, 16 de setembro de 2012

Quem sou?

Imagem, gosto, sabor? Não há mais em mim memórias de mim mesmo. Vasculho a cabeça e não encontro nada além de brancos, pretos, cinzas, retalhos. Não encontro nada de significante.
Sou mesmo como um lobo, sem memórias, mas cheio dos hábitos e dos instintos, das reações exageradas. O brilho da minha estrela se perdeu com o tempo. Um ser encantador, já me disseram um dia... não sei onde foi parar essa minha qualidade única. Acho que abdiquei dela para vender minha alma a ciência e para evitar o destino final de toda alma encantadora, que é a solidão. Valeu de quê? Sou só e sequer sou cientista. Sou criança a queimar as insignificantes formigas da minha espontaneidade com a lupa da razão.
Chrona. Traçei uma linha na areia e evito ultrapassa-la. Pulo todas as perguntas que meu cérebro atira na minha cara e me esquivo, chorando, de toda essa incerteza. Perdoem a confusão. Sou confuso em todos os sentidos e simplesmente não sei como agir em situação nenhuma.
Não a vejo como uma forma de salvação. E ao meu país também não vejo como casa aconchegante. Antes é tudo substância saborosa e sem cor do tipo que persiste no meu sangue através das horas. As quero de volta.
Me afastei da matilha afim de me conhecer, e no lugar da calmaria achei o espanto. É um teste. Estou caçando o nada como troféu e estandarte de tudo o que eu posso.
Pudesse voltar atrás ia querer ser ao invés de poder. É complicado. Eu vou me tornar um ser encantador de novo, um lobo de verdade, uma estrela do céu de outono. O problema é que preciso regurgitar muito do meu próprio sangue no caminho. O problema das estrelas é que elas não são capazes de ver e mensurar seu próprio brilho.