sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

domingo, 2 de dezembro de 2012

Balanço Indiferente

É... Isso aqui virou um diário. Um bife do meu corpo histórico sangrento sobre a mesa da mídia de massa. Claro que a massa me ignora, e não me incomodo com isso, mas ainda assim é público, disponível. Já cheguei a me importar em ter nomes de outrem aqui, ou a isso me fazer lembrar de outrem, mas a história que conto é a minha - Ich bin die Hauptfigur.
Meu tom rebuscado foi por água abaixo, minha maneira infantil de demonstrar interesse se foi. Como um Sansão sem jeito, na falta da mão de uma mulher traidora, cortei eu mesmo minha força e minha historicidade próxima a raiz. Me sinto melhor.
Me sinto melhor e olho para isso - para essa coisa na internet com meu nome em letras garrafais "ÉDOM" - e acho ridículo. Ridículo me expor dessa forma, ridículo ser transparente e vulnerável num mundo de incertezas. Sou, como minha mãe (aquela mãe que não descrevo por manter minha fé longe da minha língua e da minha escrita) transparente e volúvel; transparente, volúvel, fértil, criativo, belo; transparente, volúvel, fértil, criativo, belo e teimoso; e perigoso, e assustador. Há muito a temer por entre as pedras de um rio, e muito a colher ao redor de suas margens. Eis aqui a transparência de minha correnteza, e eu oferto-te, caro leitor, esse meio de saciar-te a sede. Venha e se inclina nessa água indiferente. Meus reflexos e nuances e prismas serão talvez suficientes para um entretenimento barato.
O segredo desconcertante é que esse entretenimento barato é a artéria mais profunda que tenho. Minha superfície, e tua superfície, é o melhor que tenho a oferecer nesse momento.
Por muito tempo acreditei que era como uma orquídea; um belo parasita que não cresce na falta de seiva elaborada. Contudo, essa imagem se foi e se despedaçou em gotas de orvalho, em cachoeiras e torvelinhos d'água. Estive todo esse tempo enraizado nas pedras de minha sabedoria e afogado em minhas próprias turbulências.
Me sinto pronto. Pronto para um futuro incerto. Confesso que não importa muito onde eu quero chegar. Toda a gravidade nau abaixo é favorável. O perigo do rio, ou ao menos o perigo do rio que me tornei, se encontra exatamente em sua vulnerabilidade mansa e chorosa que caminha e carrega todo esse sangue ao mar. O mar - a plenitude - é meu destino inevitável, mas só a água batida pelas pedras é menos densa e não se misturará a tando sal e dor.
No fim voltei a ser o que era, mas um pouco mais consciente talvez. Me exponho para eu mesmo. Me derramo em uma vista comprida, procuro a falha, e tudo o que encontro é a falta. Uma hora há de se encontrar navegadora fiél.