segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Vagueando

Paixão, amor, carinho, sexo e o infinito.
Vontade e ideal que sigo,
ou ao menos como me sinto.
Imediatista, hoje eu quero o agora
quando o agora é mais alguém,
quando o agora é o orgasmo,
é o dormir abraçado, é o cigarro
é o vinho, ou o café;
e até mesmo quando o agora é como agora:
é o eu e a tela e é a garoa e até o transito lá fora.
Lobo que vive como lobo não pensa nem chora -
sente e caminha.

sábado, 16 de novembro de 2013

Coletânea Embriagada


"No momento nem eu me tenho por inteiro."

"Não tem nada em mim até hoje que não seja sobre ela. Até o meu olhar é o que sobrou pra mim do que eu dei pra ela um dia. E pensar que ela sequer existia como eu pensei."

"Não é o Prazer que gera o Amor, o Amor que é o Afrodisíaco."

"Sinto algo, mas não é paixão. É mais como se tivesse algo novo e surpreendente na virada da esquina. Acho que é hora de ficar sozinho um pouco e aproveitar essa falta de ar, essa arritmia, esse quê análogo ao sentimento que precede uma grande viajem. Há algo pra se descobrir, e eu sinto que está logo ali."

"Quero amar... Sem restrições, sem medo. Quero voltar a ser mais como eu era. Ser como eu sou me deixa triste."

E. S.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O último vôo

É como se nada tivesse acontecido
exceto que me atingiu em cheio um meteorito
me esfarelou os ossos,
me apodreceu o coração
rastejei feito um Oxumaré
por seis meses sem pernas e sem perdão.
Como se nada tivesse acontecido
me despi de ossos e voei com flamingos
amigos, propostas, bebidas...
mas de amor sequer um pingo

sábado, 27 de julho de 2013

Cachoeiras

Há certas coisas na vida sobre as quais só resta lamentar.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

HOPE


Is nothing but the life through a child's eyes.

sábado, 29 de junho de 2013

Reflexo






A melancolia me cai bem
a morte e a solidão também
o meio sorriso
o café amargo
a felicidade em preto-e-branco
e o meu grito sufocado
a espera que percebam
que se muito falo
é porque me calo  .



sexta-feira, 21 de junho de 2013

Wyoming - about travelers and hounds

Should never have introduced her to him.
He was small, black and shiny with wavy hair.
He had a happy and easygoing character, a freedom of spirit, a passion for discovery.
He was the lightest of the puppies, and had the most expressive eyes among them.
He was a weird boy, the most fragile of them, and had the most expressive eyes all the same.
Hounds perish in place of their owners. Less boy and more man than before, he realized in the sunny desert of the mountains that his hound was already old. It would have crossed anyone's mind - or at least any mind as singular as that one - that his suffering made it grow older.
Boy, oh boy. Should never have introduced her to him.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Celofane

É tudo cheiro, substancia viscosa, imagem desconexa.
Como um demônio qualquer do folclore fico a deriva esperando um convite que me permita entrar, uma lembrança de minha presença que me permita existir.
Não há.
E não há em mim a auto-suficiência dos seres vivos.
Não existo por mim só, não vivo sem uma imagem minha cultuada pelos tribais.
Pulo de estado em estado, de banalidade em banalidade, coletando um ou outro pequeno prazer que me permita inspirar um pouco de ar para dentro dos meus pulmões cadavéricos.
Pinto minhas imagens do lado de fora do que as pessoas chamam viver.
Estou aqui, mas preciso ser chamado para ser perceptível.
Se cai uma árvore na floresta, e ninguém está lá para ver, ela realmente caiu?
Se há alguém no quarto e ninguém se dá conta da sua presença, essa pessoa está mesmo lá?
Talvez pense tanto sobre eu mesmo, escreva tanto sobre eu mesmo, mergulhe tanto nessa autofagia sanguinolenta para estender a existência de quem já não é.
Eu.

domingo, 14 de abril de 2013

Silêncio

Queria, gostava, corria sorrindo e chorando quase que ao mesmo tempo para o braços da morte. Se calava em meio a multidão e podia ouvir ao Grim Reaper sussurando suas palavras doces. Era poeta, nasceu poeta, e como todo poeta brotou da morte e da escuridão. Esaú - nasceu completo. O ciclo completo se fecha na morte. Nasceu morto em uma cidade fantasma, de árvores de folhas vermelhas, que flutuava apenas em sua imaginação em meio a serração que brota do lago.

Há dois tipos de pessoas no mundo: os músicos e os dançarinos. Nasci morto, me contorcendo e dançando. A morte dança suavemente e comunica tudo, mas nada é capaz de ouvir. A maioria, os músicos, escutam e gritam suas notas. Esses vivem, mas percebem e apreendem tão pouco do seu redor que nada mais têm do que uma meia vida pulsante.
A Terra, os Deuses e os Povos nasceram de uma melodia tocada pelas mãos de um tribal qualquer. Aprendi em forma de mitologia com a mãe Terra o que de fato já nasci sabendo: as mãos criam, os pés destróem. Danço sobre as folhas secas, chuto o ar, giro os tornozelos, estalo e quebro os ossos do sustento do peso e da graciosidade, destruo tudo quanto posso do mundo através dessa observação infantil e inata. Nasci, como alguns outros poucos, morto. Caminhei, corri e me contorci rente ao chão tantas vezes, como alguns poucos outros, em direção a morte. Nunca percebi isso até o momento, mas o abraçar da morte é que me fez capaz de viver.
Não sei tocar nenhum instrumento. Me fascina o piano, assim como me fascina a vida. Entretanto, pulsa em mim a percursão, pois esta prescinde dos timpanos ou dos óssiculos. Sinto a vibração na terra, na Terra, pela ponta dos dedos adormecidos do pé certo e do pé quebrado. De fato quebrei-o esquecendo que devo dançar e morrer, em lugar de cantar e viver.
Esaú - nasci completo. Completo e morto. Não tenho irmão mais novo que venha a me traír. Não tenho pai senil que venha a me discriminar. Nasci completo. Tenho irmã mais velha que me entende, interpreta e ama os movimentos. Tenho pai astuto que me aponta os perigos por baixo das folhas secas. Tenho mãe que não é Rebecca, e que é suporte em lugar de desilusão. Esaú, nasci completo, e diferente do ingênuo Esaú que nasceu completo em outrora. Nasci completo como o nome manda em tua raíz, afinal brotei mesmo bem de perto da raíz podre da árvore da vida. Brotei morto, e me dá orgulho isso. Eu não sou parte da terra dos vivos, e eu tenho orgulho disso. Eu não faço parte dessa podridão asquerosa.
Quero morrer. É uma vontade calma e tranquila da qual eu sempre estive ciente. Agora, contudo, entendo que é essa vontade que me coloca em pé, e foi a perda dessa vontade que me levou ao chão. Aceito hoje que estou morto, e apenas por isso posso me ocupar calmamente de tudo quanto me dê prazer, de qualquer beleza gentil.
Danço. Os pés destróem e eu danço, e não importa que destrua nada desde que tranforme essa fumaça em alguma coisa bonita e desproposital. Nada construo, pois como um lobo tenho apenas pés. Como um lobo nasci completo, e esse anseio por uma cria e por um carinho ou por um toque é tudo fruto da admiração que tenho pela vida. Sou morto, nasci morto, e vendo o direito a vida plena por um pote de lentilhas. Não me importa que não durarão para sempre, desde que esses momentos de quase-vida intercalados me tragam algum prazer.
Esqueci por tempo demais que sou uma máquina romântica e anti-poética. Disse tanto que romanticos morrem aos vinte e um para justificar meu lirismo ignorado, mas morri aos 9 meses. Morri chorando, e por isso sigo chorando. Não sou nada, e só isso é capaz de unificar o que eu sou em algo que faça sentido. Meu mundo é silêncio dançante, é cheiro e sabor, é fala reprimida, é queda do abismo.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

domingo, 31 de março de 2013

PROCURA-SE


Qualquer coisa simples, que me dê prazer.


domingo, 24 de março de 2013

Tenho essa imagem.

 Eu com meu coração na mão. Não imagine uma coisa luminosa, bonita, ou quente; essa não é bem a imagem que tenho. É algo verdadeiro, palpável. É um coração real e sangrento, de um vermelho escuro, pois está em contato com o ar. É um coração real e sangrento, de batimentos irregulares e espasmos loucos de um músculo que está perdendo todo seu calcio, morrendo.
É algo assim, esse pedaço de carne. Ele está na minha mão. Escorre o sangue pelos meus pulsos, pelo meu antebraço e cotovelo. Pinga e respinga por onde passo e quando me viro. Meus passos, meio mancos, raspam essas gotas de sangue. A imagem não é bonita.
Vou de porta em porta, oferecendo essa coisa fétida às pessoas. Às meninas mais do que às pessoas. Estendo a mão, apertando firme o músculo em espasmo, tentando conter um pouco da sangria. As válvulas semilunares já estão destruídas. A aorta pende morta de um dos lados. Escorre sangue. Arritmia.
Acho que vou morrer. Antes, sei que já morri. Não há muito aqui para mais ninguém, e não há mais ninguém pelo mundo para isso aqui. Como vou lidar com ser sozinho mais uma vez?
Barulho. Um barulho num canto no quarto escuro e levanto o olhar. Num reflexo, olho assustado para a direita. Sempre para a direita. É da direita que veem todos os sons. Tenho medo do escuro de novo. Nada incontrolável, mas depois de tantos anos - onze, talvez doze - olho para os cantos em busca da origem dos sons, das luzes, das vozes. Para os cantos nada; olho para o único canto que meu corpo é capaz de acusar a existencia: para a direita. Para a direita, pois minha esquerda está morta. Não ouve, nem sente.
Como pode isso doer tanto depois de tanto tempo? Isso, isso tudo? A perna manca, o ouvido surdo, o coração párado, o medo do escuro. Como pode isso deixar tanta sequela?
Tenho tanto amor, e tanta necessidade de amor, que não cabe em mim. Tenho tanto ódio que não cabe em mim. O mundo é podre, e cheio de sangue. Fede à carniça. Não tem nada bonito em viver. Sinto que posso me dispor de tudo quanto tenho nesse momento pelo puro interesse do experimento. A morte é o experimento final, e não há necessidade de antecipá-lo ou planejá-lo. Não fosse esse interesse em ser minha própria cobaia talvez já tivesse quebrado.
Mentira. Já quebrei. Parei de funcionar para tudo quanto fui bom, fui útil, fui querido um dia. Virei uma coisa jogada pedindo por algum uso. Talvez isso tudo seja porque minha felicidade é barata e insaciável. Talvez seja sintoma de loucura, ou sintoma de razão. Talvez nem seja nada. Estou tão cheio do nada. Corri tanto do nada por tanto tempo. O nada me alcançou. Não há nada pior do que nada.
Me levantei da cama pra isso, só pra isso. Penso em não publicar o texto. Ando calado por esses dias. Minha necessidade de falar se foi. Dói.
Um banco vazio. Dói.


quinta-feira, 14 de março de 2013

Seagull

Cheguei a conclusão última de que a beleza é uma propriedade inerente de todas as coisas, em qualquer tipo de feiura ou podridão.

Tinha essa imagem na minha cabeça, com uma mulher, um cachorro, filhos e o cacete. Achei que precisava recuperar isso, mas o vazio acaba tendo uma beleza mais certa do que esse sonho volátil e infantil.

domingo, 10 de março de 2013

San Francisco

O amor é uma bacia vazia. Um recipiente ali num canto sem nada nem ninguem, nem nenhum motivo nem com nenhuma necessidade.
Bobagem essa coisa de que se pode ser feliz sozinho, afinal não se pode amar sozinho.
Na verdade ama-se com homens, mulheres, cães, árvores, pássaros, líquens e águas vivas. Ama-se com pedras e com o vento, dependendo no quão funda ou rasa é a sua bacia. Não é possível amar sozinho, não é possível ser feliz sozinho... Mas afora isso qualquer coisa adiciona ao conteúdo inexistente dessa bacia insaciável.
Percebi isso hoje, perdido do mundo em San Francisco, assoprando um amor encarnado em dente-de-leão pro vento levar embora. Ponto final, reticências...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Muletas

Faço da espera meu prato predileto.
Lembro. Esqueço. Me convenço. Há algo em mim de mim mesmo, mas qual é a unidade? Qual a essência minha que não muda?
Não sei onde está o ponto nas retas e curvas incertas do meu coração. Procuro na opinião dos outros a validade dos meus atos. Não sei mais dizer o que quero, nem sei me sentir onde estou.
Procuro o que sou nos espelhos dos olhos de meus amigos e confio em suas palavras, mas me irrito tantas vezes ao ouvir o que sou... Alguma voz além da minha tem o direito de determinar como me sinto?
Vivo um dia depois do outro. Cansado do agora, atormentado pelo depois. Falta-me tempo de novo, sinto que me falta, mas não sinto mais o desespero e a pressa... Ao contrário me arrasto lentamente no meu caminho como se a morte não importasse mais e a vida não tivesse mais sentido. Eu e o fim somos melhores amigos, companheiros na jornada. Talvez já esteja morto, morto com um tiro lírico no meio da testa por passar dos 21 e insistir no verso.
Minhas peças sangrentas se espalham pelo chão da minha cela, solitária. Sou um quebra-cabeça de cabeça rachada ultra-romântico e pálido. Minha imagem não me serve mais - Das passt mir nicht - mas adio sua mudança para o dia em que possa caminhar sobre meus próprios pés (HEUTE?) - sentir o chão. Fim.


Vice e Verso



Homens sem barba,
mulheres sem alma,
e bruxas sem opinião.

Todos artigos baratos
caçados pela santa inquisição
de meu mal fadado
coração.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Cura

O tempo,
como o vento
não cura nada,
leva embora
ou deteriora...
É que as vezes
essa derrota
é a única resposta
para o que não tem hora.