domingo, 27 de julho de 2014

NEEDLE

Perdido na selva de espinhos
me perguntando se isso
é carinho ou amor
é raiva ou rancor
é tédio ou só dor.


sábado, 26 de julho de 2014

Dark matter

Faith is the strong believe that anyone who made you suffer is going to suffer in double, even though you are not working for it and may never come to know of such suffering.

- by a lost soul

sábado, 19 de julho de 2014

Demi sec

Sabe...

Eu quero alguém que não me ache estúpido por todas as coisas que já fiz por uma mulher.
Eu quero alguém que dê uma chance ao estranho,
ao colorido preto-e-branco, e ao balanço
da minha música surda deslocada;
e também àquele balanço
pendurado na árvore que caiu com um raio.

Eu quero alguém que capture minha imagem com a pupila
como se fosse o diafragma de uma Polaroid antiga.
Quero alguém que acredite em segundas-chances e que não as jogue fora;
alguém que saiba recompensar um tempo perdido, ou um tempo esperado,
com um batimento cardíaco acelerado
verdadeira e profundamente apaixonado.

A meia-noite, que falta que uma taça de vinho não faz.


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Baques

#1

Quero ser assaltado.
Quero ser morto.
Quero ser machucado.
Quero pular de um prédio,
me esfolar no asfalto.
Quero ser apedrejado,
atropelado,
mas não queimado.
Quero um fim sujo,
uma vingança sangrenta.
Quero que meu eu sofra,
agonize e morra.
Quero tanto, mas não posso.
Quero
a dor,
a dor,
a dor,
ardor,
o insuportável,
e o alívio
como se nada tivesse acontecido,
mas não posso.

Da minha lista de presentes,
a inconsciência é o mais caro.

#2

Já era adulto
e talvez por isso ele
que quando criança sabia tanto se expressar
contorcia a fisionomia,
mas não tinha mais ganas de chorar.
Pescava lágrimas do fundo do seu ventrículo direito
e talvez por isso não fisgava nada
além de uma falta de ar.
Não há alma, apenas um corpo
bobo, troncho, morno,
incapaz de uma alegoria que valha a pena
ou de uma rima complexa que seja.

#3

Já tomei café por prazer
mas hoje é café por necessidade.
É máscara de vontade
em uma fisionomia que já morreu,
num rosto que não é mais o meu.


Relevos

Não, você não conhece a morte do fundo da depressão. Todo depressivo acha que conhece a morte, mas a verdade é que a morte é um vício. Um vício de quem não sabe ficar sozinho, porque sempre há algo na vigília.

Há no pico da morte um medo estranho unido de uma vontade de deixar os pés balançando na janela e bater a cabeça na parede até que o que eu sou, cada traço da minha fisionomia primata, seja tecido sanguinolento disforme e homogêneo. Estar perto da morte é uma vontade de se destruir calma e paulatinamente; vontade essa que não causa alarme ou estranhamento, mas auto-consciência.

A morte não gosta de quem gosta dela e, por ironia, segue-se caminhando meio-vivo- meio-morto. O lado esquerdo está morto, e aos mortos não se invoca. Na depressão alguém talvez seja perseguido pela morte, incapaz de encará-la de frente visto que está em seu encalço. Os poetas, ao contrário, se contorcem desfiguradamente em direção a morte até que percam toda a esperança em extrair beleza da vida.

A vida é uma merda. A vida como a conhecemos é uma merda.O sentido da realidade é frágil e ele escapa entre meus dedos como minúsculos cacos de um espelho: refletindo minha alma frágil e fragmentada até o fim do abismo.

Quintilha branca insensata

Você não me ama,
não gosta daquilo que eu faço.
Você só gosta daquilo que falo,
mas falar, meu amor,
pra qualquer um é fácil.