sexta-feira, 20 de agosto de 2010

...a vida inteira de um inseto, um embrião pra virar feto, um dia em Saturno...

 (Isto era pra ser uma surpresa, pena que você viu antes da hora... de qualquer jeito, ainda vale. Eu poderia escrever mais coisas, há muito que ficou no não-dito... porém, prefiro deixar para os próximos meses. Ou os próximos anos...)


E você prometeu que eu leria o livro até o final:
Apenas quando examinaram os anéis reconheceram quem era. 
O Retrato de Dorian Gray”
...
    Há marcas que nos distinguem, mesmo quando tudo o que era de nossa aparência se esvai. Os anos passam, e vão com eles nossos rostos, nosso físico, e nossa juventude. Porém, há coisas que estarão sempre conosco. São essas coisas que definem realmente quem somos e porque existimos. Uma delas é o nosso sentimento. Sentimentos, principalmente aqueles que compartilhamos com outra pessoa, fazem-nos sair de uma esfera de egoísmo e adentrar em algo muito mais nobre, que pode até não nos fazer melhores, mas nos faz muito mais humanos. 
    Amor, parece que tanta coisa se passou nesse 1 mês, que fica quase impossível descrever em palavras, assim, eu voluntariamente me abstenho de contar os fatos ocorridos desde a nossa pequena conversa, naquele ônibus... aquela conversa em que eu praticamente me embebi de cada palavra que você dizia, desde aquele dia em que eu notei que havia uma coisa muito peculiar e muito fascinante em você... Não sei precisar o momento exato, mas quando fui ver, algum lampejo me dizia que estava apaixonada. E não foi apenas um leve deslumbramento com seu jeito, ou com o seu modo de se expressar, mas um envolvimento de tal maneira que não consegui mais encontrar escapatória. Quando estou com você, a fronteira entre realidade e sonho fica tão tênue que já nem sei mais divisar o que é real e o que é imaginação. 
    Inacreditável como temos tantas coisas em comum, o gosto pela filosofia, autores prediletos, o jeito de escrever, uma estranha nostalgia e até mesmo... o cappuccino. Coisas que nós nem desconfiávamos a nosso respeito e que, depois de nos conhecermos, descobrimos do melhor modo que há: o sobressalto. 
    Desde que ficamos juntos pela primeira vez, venho aprendendo mais e mais com você, meu amor. É como se você reservasse para mim a cada dia uma nova tonalidade de felicidade. E cada dia tem sido uma maneira diferente de me apaixonar por você. E você fica lindo quando repousa, quando lê, quando está prestativo, quando me vê chegar... (além de ser um perfeito objeto de estudo!). Você tem o melhor jeito de pegar no meu rosto, de fazer eu me sentir confortável, de fazer meu coração bater muitas vezes mais rápido, de fazer com que eu me sinta mais bonita e de desconstruir o meu raciocínio de modo cada vez mais desafiador. Com você eu aprendi o que é amar, e ser amada.
    Quando você se expressa, vai além das palavras e se manifesta em gestos, sons, idéias, e coisas que nada nem ninguém conseguiria demonstrar. E assim, formamos uma imagem sem espaços vazios e, ao mesmo tempo, vamos deixando pequenas partes de nós, até que fiquemos tão pequenos que tendamos a zero. E sejamos como uma ínfima parte – que compõe todo o Universo. Como só você pode entender – ou não.

    Que bom que eu te encontrei.

    Qualquer dia, em um chalé de madeira, iremos compor um dueto,

    e eu vou te fazer muito feliz, por todos os dias da sua vida.

    Te amo.
    Vivian.




terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ração

É estranho como cães nunca estão tristes ao comer. Cães se lambuzam, fazem barulho, rosnam e mordem a aproximação de pessoas, mas mesmo assim exibem sempre um sorriso de caninos afiados quando comem. A felicidade parece fazer parte do respeito para com a comida, a presa, a caça. Talvez até respeito para com a morte do que se come.

Quisera eu comer como um cão, infelizmente o faço como gente.  Como em pratos de louça branca com garfo e faca, mantenho a coluna ereta, ás vezes - acreditem! - até mesmo tiro o boné. Essa forma de comer me enoja. Pareço assustadoramente civilizado à mesa.

Hoje vi que alguém comia só. Ao contrário dos cães, seres humanos apreciam a companhia, e eu pude reparar que também ao contrário dos cães os seres humanos se sentem tristes. Hoje vi que alguém parecia mergulhado em tristeza enquanto comia.

Não sei onde quero chegar, não me pergunte, mas vejo que não há porque comer tão civilizadamente quando não há em torno de si civilização - pessoas falando, rindo, te olhando e sendo olhadas de volta. Se não há nada disso, ou se nada disso lhe tráz felicidade, então você é só e, sendo só, deveria comer como um cão. Se comesse como um cão seria ainda só, mas talvez fosse feliz. Procuro ser um pouco como um cão, todos os dias da minha vida.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Nasci no outono...

E o vento, e as árvores, certamente me soparam algo de depressivo...