quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Muletas

Faço da espera meu prato predileto.
Lembro. Esqueço. Me convenço. Há algo em mim de mim mesmo, mas qual é a unidade? Qual a essência minha que não muda?
Não sei onde está o ponto nas retas e curvas incertas do meu coração. Procuro na opinião dos outros a validade dos meus atos. Não sei mais dizer o que quero, nem sei me sentir onde estou.
Procuro o que sou nos espelhos dos olhos de meus amigos e confio em suas palavras, mas me irrito tantas vezes ao ouvir o que sou... Alguma voz além da minha tem o direito de determinar como me sinto?
Vivo um dia depois do outro. Cansado do agora, atormentado pelo depois. Falta-me tempo de novo, sinto que me falta, mas não sinto mais o desespero e a pressa... Ao contrário me arrasto lentamente no meu caminho como se a morte não importasse mais e a vida não tivesse mais sentido. Eu e o fim somos melhores amigos, companheiros na jornada. Talvez já esteja morto, morto com um tiro lírico no meio da testa por passar dos 21 e insistir no verso.
Minhas peças sangrentas se espalham pelo chão da minha cela, solitária. Sou um quebra-cabeça de cabeça rachada ultra-romântico e pálido. Minha imagem não me serve mais - Das passt mir nicht - mas adio sua mudança para o dia em que possa caminhar sobre meus próprios pés (HEUTE?) - sentir o chão. Fim.


Vice e Verso



Homens sem barba,
mulheres sem alma,
e bruxas sem opinião.

Todos artigos baratos
caçados pela santa inquisição
de meu mal fadado
coração.