(Vinícius de Moraes)
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Sei que posto muito mais os escritos de outrém do que os meus próprios, meu amor. Prometo-lhe escrever algo dedicado somente a você. Acontece que me ocorreu que nunca lhe falei do Soneto de Fidelidade.
Sei que não é seu tipo de poesia preferida. Você prefere os poetas mais ácidos e menos 'com açucar e com afeto`. Eu sei. Mas não negue a beleza desse poema. Ao invés disso, veja apenas que eu o ofereci a você: Soneto de Fidelidade, poema que traz do nome uma coisa que eu sempre terei em relação a você. Fidelidade não só em forma de atitudes, mas de pensamento; fidelidade de sentimento, sonho, cor, som e alma. Pois te amo.
Estamos tendendo a zero, não estamos ? Cada vez que compartilhamos nossos seres e dividimos a nós mesmos, estamos mais próximos do nada. E infinitas vezes eu quero me dividir com você. Você é a morada de todos os meus pequenos pedaços. Todas as minhas fatias de átomo.
Só não esperava que pudesse perder tanto de mim e ao mesmo tempo me sentir tão completa.