sexta-feira, 30 de abril de 2010

Felicidade - Cavern Club

Lendo hoje o blog de um grande amigo me deparei com uma análise filosófica da felicidade com a qual concordei, quase que plenamente. Não me leve a mal, caro leitor, sequer se abstenha de ler esse incrível trabalho! O quase é o beneficio da dúvida, e é a palavra indispensável as minhas opiniões, sempre.
O texto trata da felicidade plena, pessoal, amorosa, e também material... uma felicidade completa, total. A análise dessa felicidade, que não pode existir para ninguém, é perfeita. Contudo, não pude deixar de pensar na felicidade mais subjetiva... naquela mesmo, que sinto em um momento, e em outro se esvaí. Tratar desta ou daquela felicidade, ou chamá-la felicidade ou outra coisa qualquer, não constituí falta do meu querido amigo, ou minha; quero que entendam que falamos do mesmo sentimento, mas com prazos de validade diferentes. O objetivo do primeiro é filosófico, deve ser amplo e sempre verdadeiro, e portanto trata da felicidade completa. Já essa minha pequena divagação não traz objetivos, é superficial e mutável, e portanto trata do mesmo tipo de felicidade fútil.
A poesia que segue foi escrita no lugar que lhe dá o nome, precisamente na primeira vez que lá estive. Pude, no momento dessa poesia, experiênciar uma felicidade de viver inimaginável. Foi assim, um devaneio de criança que a brisa levou. E aí, quando saí da caverna, pude me deparar com a não-felicidade completa, e continuar a lutar para obtê-la...

Cavern Club

Já se sentiu grande?
Grande maior do que você mesmo?
Sem medo,
sem erro?
Já se sentiu viajante?
Talvez passageiro,
corpo flutuante
num rio de gelo

com destino incerto
sobre tudo liberto?
Libertino,
sem medo do destino;
livre do destino,
sem o aguilhão da necessidade.
Meu futuro é grande,
maior do que eu mesmo.
Pela primeira vez
é também leve.
Suficientemente leve
para mim
carregador feliz.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dentes-de-Leão

Tenho uma vontade incontrolável de dividir algo com alguém agora, nesse momento. Contudo, não sei com quem. Temo que posso buscar no meu mais profundo eu, e ainda assim não saberei. Talvez essa pessoa para a sina sem sentido simplesmente não exista. Não me importo, ao menos não hoje, já que em uma noite normal estaria pedindo-lhe perdão, caro leitor, por parecer um louco. Talvez eu o seja. Não descarto nenhuma possibilidade. Esteja avisado: o que quero dividir é simples, mas incoerente, confesso.

Há dias em que quero morrer. Há dias em que não posso querer nada da minha vida senão a morte. Mas entenda, minha vida é maravilhosa, e a amo.
Há dias ruins na vida de todos, e há dias insuportáveis. Não me refiro a nenhum desses dias. Nos piores dias da raiva quereria talvez matar - não se assuste, é apenas um sentimento indescritível que pinto desta forma, como pintaria o amor no formato de dentes-de-leão. Os dias em que se quer matar são normais, e existem na vida de todos.
Há, entretanto, dias em que quero morrer. É um querer calmo, meio caprichoso, sabe? Uma vontade repentina e sem razão, mas persistente. Parece-se com a vontade de tomar um sorvete na praça. Parece-se com a vontade de beber água com uma colher. Parece-se com a vontade de sentar no chão a ouvir música e saborear uma taça de vinho. E como todas as outras vontades, parece ser de uma realização simples e ingênua.
É uma vontade de morrer, mas sem a gravidade que o som do duplo r traz. É uma vontade calma. E, sobretudo, não há nada de auto-destrutivo em querer morrer. Há dias em que poderia fechar os olhos e esperar que a morte me cortasse de repente. Me cortasse em minha resignação. A vida plena é uma eutanásia prolongada.
Nesses dias, nesses dias em que quero morrer, me sinto completo. Não há um viver mais intenso que aquele que caminha para morte. Não há um viver mais puro que aquele que espera, passivamente, o fim das coisas. O movimento mais natural da vida é o de uma árvore.
Árvores nunca morrem, não verdadeiramente. Elas dão lugar a outras árvores. A queda é inerente a vida latente das árvores. Ainda assim, elas não a apressam, nem se angustiam devido ao fim inevitável. As árvores apenas sentam-se, acomodam-se, crescem, frutificam, e aguardam, passivamente, o fim das coisas. E nunca morrem.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Não há morte verdadeira....

"Descansem o meu leito solitário. Na floresta dos homens esquecida,. À sombra de uma cruz , e escrevam nela: - Foi poeta, sonhou e amou na vida." Alvárez de Azevedo


A Lei para os Lobos - Rudyard Kipling

Já publiquei esse texto aqui, no original "The Law for the Wolves". Embora tenha continuado a busca pelo poema na integra, em português, não fui capaz de encontrá-lo, portanto faço aqui uma traduçao livre. Se alguém já leu O Livro da Selva do Kipling certamente conhecerá o conteúdo, mesmo que as palavras sejam diferentes. Esse poema infantil fala muito de mim, muito do meu engajamento político não engajado, muito das minhas ações e do meu amor pela natureza. Espero que me entendam... e pretendo falar sobre isso mais adiante.

A Lei para os Lobos
Rudyard Kipling (1865–1936)

Eis a lei da selva, tão antiga e verdadeira quanto o céu,
O lobo que a mantiver pode prosperar, mas o lobo que a quebrar deve morrer.

Como a trepadeira que cerca o tronco da árvore, a lei tem uma única medida;
A força da alcatéia é o lobo, e a força do lobo é a alcatéia.

Lave-se diáriamente da ponta do focinho a ponta da calda; beba profundamente, mas nunca demais;
E se lembre que a noite é para caçar e não se esqueça que o dia é para dormir.


O chacal pode seguir o tigre, mas, filhote, quando seus bigodes forem crescidos,
Lembre-se que o lobo é um caçador - vá na frente e pegue sua própria comida.

Mantenha a paz dentre os senhores da selva, o tigre, a pantera, o urso;
E não perturbe Hathi, o Silencioso, e não perturbe o javali em seu ninho.


Quando alcatéia encontra alcatéia na selva, e nenhum dos bandos saí do caminho,
Abaixe-se até que os líderes falem; podem ser palavras justas e devem prevalecer.

Quando lutar com um lobo do grupo você deve lutar só e justamente,
Deixe outros tomarem parte na luta e a alcatéia se extingue pela guerra.

O ninho do lobo é seu refúgio, e onde ele fez seu lar,
Nem mesmo o Grão-Lobo pode entrar, nem mesmo o conselho pode vir.

O ninho do lobo é seu refúgio, mas onde ele o cavou desprotegido,
O conselho deve enviár-lhe uma mensagem, e então ele deve mudá-lo novamente.

Se matar antes da meia-noite seja silencioso e não acorde a floresta com seu uivo,
Se espantar os veados do mato seus irmãos ficam sem caça.

Podem matar para si mesmos, e suas companheiras, e seus filhotes como eles necessitam,
Mas não mate pelo prazer da matança, e sete vezes nunca mate um homem.

Se pilhar sua caça de um fraco, não devore tudo em sua honra,
O Direito da Alcatéia é o direito do inferior; então deixe-lhe a cabeça e a carcaça.

A caça da alcatéia é a carne da alcatéia. Você deve comer onde ela caí;
E ninguém deve carregar dessa carne ao seu ninho, ou ele morre.

A caça do lobo é a carne do lobo. Ele pode fazer o que entender,
Mas, até que ele dê permissão, a alcatéia não come daquela caça.

O Direito do Ninho é o direito da mãe. Durante todos seus anos ela pode reclamá-lo
Um pedaço de cada caça para sua ninhada, e ninguém pode negá-la isso.

O Direito do Filhote é o direito dos pequenos. De toda a alcatéia ele pode reclamá-lo
Gozo da caça quando o caçador tiver comido; e ninguém pode negar-lhe isso.

O Direito da Caverna é o direito do pai, de caçar para ele mesmo e só;
Ele é livre de qualquer chamado da alcatéia. Ele é julgado pelo conselho a sós.

Por conta de sua idade e sua astúcia, por conta de seu domínio e de sua pata,
Em tudo que a lei deixa em aberto a palavra do Grão-Lobo é lei.

Agora estas são as leis da selva, e muitas e poderosas elas são;
Mas a cabeça e o topo da lei e sua diretriz e estrutura é - Obedeça!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Tese e Antítese

Embora as duas poesias tenham sido escritas separadamente, elas fazem muito mais sentido juntas. Então, decidi colocá-las em uma única postagem.

ANTÍTESE


Uma briga
sempre é bom.
Egoísmo faz o mundo andar.
O conflito é sempre,
sempre continuo,
simplesmente impossível
de parar.
Uma queda é necessária,
o negativo
nunca pára,
n’algum momento
tudo acaba.
Enquanto a vida
se agita,
outro rumo o futuro
leva.
E quando a dor
termina
a renovação
sempre começa,
nunca espera.
E se a morte;
e se a briga;
e se o orgulho
(é sempre tudo tão traumático)
não ocorre n’algum
momento,
nunca se descansa
e não há tempo
de rever
tudo o que é conceito...

TESE

O conflito sempre acaba,
e resta a vida desvairada!
Tão calma!
Organizada.
Estagnada!
É tão bom viver assim:
tão perfeito,
tão sem fim!
Nada pode fazer mal,
o mundo não é mais fatal,
o poder não é ideal.
A paz é tão prezada!
A calma chega a ser descontrolada,
não há progresso.
Por que me transformar?
Não há porque lutar.
Tudo é de graça,
nada falta!
Todos fazem o que sabem, o que querem o que gostam...
O conflito é eminente.
O caos está, de novo, presente,
e a perfeição,
tão imperfeita,
mostra-se incoerente.
Vazia.
Aqui,
onde tudo é perfeito,
é inconcebível
qualquer grande feito,
qualquer grande orgulho,
qualquer defeito.
E o que será feito?
Nada.
Acaba o tempo.
O tempo da eternidade se esgota,
porque
Deus não é extremo,
porque nem Deus,
se dá ao luxo
de ser perfeito.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Hora do Chá

Está frio.
Não posso sentir meus dedos,
não posso sentir minha calma.
O frio me invade a alma,
congela.
Não tenho raiva,
não tenho lágrimas,
não tenho nada.
Tenho, talvez, a apatia.
O balançar de cabeça educado,
o olhar e o sorriso apagado,
necessário,
ao murmurar, incondicionalmente:
obrigado, obrigado!
Qual a razão para tanta gratidão
sem coração?
Para tanta farta, fria e falsa
educação?
Está frio.
Ligue a calefação,
Esqueça nossa relação.
Põe as máquinas para funcionar!
O vapor tem
que continuar,
mais carvão para água
borbulhar.
Isso.Já está bem melhor.
Contudo,
sabe que ainda tenho frio?

Um de alguns dos meus poemas escritos na (e em homenagem a) Inglaterra.

Sobre Hedonismo e Podridão

Primeiramente, me perdoem por ser anti-poético no título. É inevitável transparecer a beleza inerente ao que é repugnante ao escrever minhas poesias, e minha atual leitura (presente e recomendação de minha comparsa, Yndiara) não me deixa escapar ao tom melancólico de Baudelaire.
Trivialidades à parte, vamos ao texto propriamente dito, e portanto as motivações deste. A prosa, ao contrário da poesia que pode se ausentar de qualquer sentido afora a beleza, precisa de um motivo, de uma justificativa. A justificativa deste pequeno pedaço de prosa é explicar o título desse blog.
Primeiro gostaria de fazer uma confissão embaraçosa: não pensei no título deste pedaço de minha alma antes de nomeá-lo. Nunca o faço. Nomeei este blog como quem nomeia uma poesia... fechei os olhos e pesquei uma imagem das profundezas do meu baço moribundo, e, sem sequer saber a que esta imagem remetia, pintei-a. Eu sou uma ferramenta que faz beleza através de pura ignorância, entretanto desaprovo-a e jamais quereria que ela estende-se seus braços citoplasmáticos até vocês, leitores.
Hedonismo é muitas vezes tratado como um sinônimo de orgulho, ou egoísmo. Mas não sejamos assim, superfíciais. O hedonismo vem do grego hedonê (tenho um amigo filósofo que pode sustentar isso) e traduz diretamente para prazer, assim nomeia uma linha de pensamento filosófico que põe o prazer como supremo bem, ou ainda que mede as ações humanas não através da ética, ou dos efeitos por elas produzidos, mas sim atravéz do seu potencial de gerar prazer ou dor.
Sou contrário a tudo que gere a dor, ou ainda o desprazer. Entretanto confesso que o sentido de prazer é discutível! Não sei qual o padrão que a palavra segue nos textos acadêmicos, e sequer tenho a pretensão de saber - veja minha ignorancia aflorando novamente, por favor não sigam meu exemplo -, mas um prazer supremo necessita também do prazer do outro. Aliás, doS outroS, pois quando falo em prazer não me refiro apenas ao sexual, mas a sensação que tenho quando brinco com meu cão, quando almoço em família, ou saboreio uma taça de vinho. Prazer gera prazer. Desconforto gera desconforto.
O hedonismo é maravilhoso quando compartilhado. Entretanto a idéia do prazer próprio sobrepujando o prazer de toda uma comunidade, ou de uma outra pessoa sequer, é nojenta. Me perdoem a falta em não citar o estupro, a pedofília, a psicopatia e todas essas anormalidades. Não entendo delas, e ao menos nesse meu território as expurgarei. Se quiser ler ou ouvir sobre isso e sentir-se indignado, por favor retire-se desse blog e vá até algum portal de notícias, ou ligue seu televisor. O meu argumento limitar-se-á ao entendimento do prazer que nos remete ao pecado, a danação, a auto-culpa. Esse prazer sim, é fétido, é putrido, e é egoísta.
Longe de fazer mal a alguém, este blog é sim egoísta. E dá-me um prazer insáciavel.

Prometo que não me perdoarei novamente por nada, embora esteja tentado a fazê-lo. Minha escrita é repleta de condolências e inseguranças porque ela não me agrada. É uma coisa pessoal.
Em tempo, se você pode tirar alguma conclusão desse texto, ignore-a. Se há algo que repudio mais que a ignorância é a conclusão. Nada termina. Nada que é belo, ou minimamente inteligente deveria terminar. Apenas leia se lhe interessar, e minha idéia será infinita.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Coração

Nada existe.
Nunca nada existe,
pois sou triste,
e na tristeza
não há certeza.

A única certeza é a morte.
Certeza sem hora,
sem solução.
A única certeza é a derrota,
o fim, a desilusão.

Poema dedicado a todas as almas que habitam o mau, e que portanto precisam de toda nossa compaixão.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Encruzilhada

Chego ao cruzamento.
Não sei se fico na rua
ou sigo o brilho da lua.
De alma nua,
fecho os olhos.
LUA.
É irresponsável, mas instintivo
permitir que o destino,
no qual sequer acredito,
escolha meu caminho.

Poesia escrita, pela primeira vez em toda minha vida, nessa máquina, informatizada, de datilografia.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Cidade (Paris)

Divórcio

Trago a fé escondida
dentro do peito,
a discórdia na mente
e penso
que por isso escondo,
porque penso.
Escondo porque penso
ao invés de sentir.
Pela falta de senso
da minha psiquê
não mais casada,
divorciada de cúpido,
que mantém seu pedido
de continuar
a ignorar o que não existe.
O aborto instantâneo
que insiste,
subcutâneo,
oculto.
Se cúpido ignorasse
aprenderia,
e poderia se despreocupar,
e iria,
viveria,
e "ria",
e "ria",
e "ria",
mas não irá.

Selva

Por quê há uma certa insistência da humanidade em dizer que somos assim, tão diferentes?


* Imagem da internet

The Law for the Wolves

Infelizmente o texto está em inglês, do original do Livro da Selva, do mesmo criador do Mogli, o menino lobo. Amo lobos, e acho que temos muito a aprender com o seu comportamento em sociedade. Kipling traduz o código de conduta dessa espécie fascinante em um poema infantil, que ensina honra. Perdoem por não tê-lo traduzido, mas seria impossível manter a musicalidade, e nunca encontrei uma versão traduzida na integra, apesar da busca na internet.



The Law for the Wolves
Rudyard Kipling (1865–1936)


NOW this is the law of the jungle, as old and as true as the sky,

And the wolf that shall keep it may prosper, but the wolf that shall break it must die.

As the creeper that girdles the tree trunk, the law runneth forward and back;
For the strength of the pack is the wolf, and the strength of the wolf is the pack.

Wash daily from nose tip to tail tip; drink deeply, but never too deep;
And remember the night is for hunting and forget not the day is for sleep.

The jackal may follow the tiger, but, cub, when thy whiskers are grown,
Remember the wolf is a hunter—go forth and get food of thy own.

Keep peace with the lords of the jungle, the tiger, the panther, the bear;
And trouble not Hathi the Silent, and mock not the boar in his lair.

When pack meets with pack in the jungle, and neither will go from the trail,
Lie down till the leaders have spoken; it may be fair words shall prevail.

When ye fight with a wolf of the pack ye must fight him alone and afar,
Lest others take part in the quarrel and the pack is diminished by war.

The lair of the wolf is his refuge, and where he has made him his home,
Not even the head wolf may enter, not even the council may come.

The lair of the wolf is his refuge, but where he has digged it too plain,
The council shall send him a message, and so he shall change it again.

If ye kill before midnight be silent and wake not the woods with your bay,
Lest ye frighten the deer from the crop and thy brothers go empty away.

Ye may kill for yourselves, and your mates, and your cubs as they need and ye can;
But kill not for pleasure of killing, and seven times never kill man.

If ye plunder his kill from a weaker, devour not all in thy pride,
Pack-right is the right of the meanest; so leave him the head and the hide.

The kill of the pack is the meat of the pack. Ye must eat where it lies;
And no one may carry away of that meat to his lair, or he dies.

The kill of the wolf is the meat of the wolf. He may do what he will,
But, till he is given permission, the pack may not eat of that kill.

Lair right is the right of the mother. From all of her years she may claim
One haunch of each kill for her litter, and none may deny her the same.

Cub right is the right of the yearling. From all of his pack he may claim
Full gorge when the killer has eaten; and none may refuse him the same.

Cave right is the right of the father, to hunt by himself for his own;
He is freed from all calls to the pack. He is judged by the council alone.

Because of his age and his cunning, because of his gripe and his paw,
In all that the law leaveth open the word of the head wolf is law.

Now these are the laws of the jungle, and many and mighty are they;
But the head and the hoof of the law and the haunch and the hump is—Obey!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Poesia de Espontânea

Há uma brincadeira em comunidades de poesia muito simples e interessante, na qual um jogador deve escrever um poema sobre uma palavra, coisa ou idéia anteriormente sugerida, e então sugerir a sua própria para dar conitnuidade. Segue abaixo dois pequenos poemas meus escritos desta forma, na comunidade Encontros de Poesia... A quem se interessar pela poesia a comunidade é repleta de bons escritores, todos muito atenciosos.

Lembranças

Lembrança,
que me arranha,
me escalda, me encanta.
Vêm em forma de trança,
de sucessão de fatos,
de dor, de abraços.
Nada de bom,
Nada de mal...
Apenas lembranças
d'um passado banal,
d'um momento vital,
d'um, inexistente, futuro ideal.
Não importa que venha
ou que se esqueça,
o passado é sempre irreal.
Incorrigível, maldito, FATAL.

Sussurros

Sussurros, ruídos, URROS!
Gritos de minha alma
sussurrante, errante,
sem calma...
Sussurros me invadem
me mordem por dentro
me tomam por pajem,
aprendiz,
iniciante, ignorante...
Meus sussurros sao caníbais,
sorrateíros, fatais.
Meus sussurros me matam
me enlouquecem
me viram a cabeça...
Meus sussurros, dentados
me arrancam pedaços
das entranhas,
estranhas,
que gritam, contorcem
sangram, e MORREM.

Vida

Prefácio - O Retrato de Dorian Gray

Estou relendo O Retrato de Dorian Gray do Oscar Wilde, e acho o prefácio extremamente pertinente para quem pensa sobre a arte, e o que ela é. Concordo plenamente com Wilde quando ele diz que a arte deve ser bela e inútil. Segue o texto na íntegra:

Prefácio

O artista é o criador de coisas belas.
Revelar a arte e ocultar o artista é a finalidade da arte.
O crítico é aquele que pode traduzir, de um modo diferente ou por um novo processo, a sua impressão das coisas belas.
A mais elevada, como a mais baixa, das formas de crítica é uma espécie de autobiografia.
Os que encontram significações feias em coisas belas são corruptos sem ser encantadores. Isso é um defeito.
Os que encontram belas significações em coisas belas são cultos. Para estes há esperança.
Existem os eleitos, para os quais as coisas belas significam unicamente Beleza.
Um livro não é, de modo algum, moral ou imoral. Os livros são bem ou mal escritos. Eis tudo.
A aversão do século XIX ao Realismo é a cólera de Calibã por ver seu rosto num espelho.
A aversão do século XIX ao Romantismo é a cólera de Calibã por não ver o seu próprio rosto num espelho.
A vida moral do homem faz parte do tema para o artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito. O artista nada deseja provar. Até as coisas verdadeiras podem ser provadas.
Nenhum artista tem simpátias éticas. A simpatia ética num artista constitui um maneirismo de estilo imperdoável.
O artista jamais é mórbido. O artista tudo pode exprimir.
Pensamento e linguagem são para o artista instrumentos de uma arte.
Vício e virtude são para o artista materiais para uma arte.
Do ponto de vista da forma, o modelo de todas as artes é a do músico. Do ponto de vista do sentimento, é a profissão do ator.
Toda arte é, ao mesmo tempo, superfície e símbolo. Os que buscam sob a superfície fazem-no por seu próprio risco.
Os que procuram decifrar o símbolo correm também seu próprio risco.
Na realidade, a arte reflete o espectador e não a vida.
A divergência de opiniões sobre um obra de arte indica que a obra é nova, complexa e vital.
Quando os críticos divergem, o artista está de acordo consigo mesmo.
Podemos perdoar a um homem por haver feito uma coisa útil, contanto que não a admire. A única desculpa de haver feito uma coisa inútil é admirá-la intensamente.
Toda arte é completamente inútil.