quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Eu (revisited)

Há tempos que preciso mudar quem sou, o que inclui, principalmente, mudar a imagem de quem sou mais do que simplesmente mudar o interior. O interior verdadeiro nunca muda. Nunca. A mudança mais profunda no sentido de mais relevante é a mudança exterior. Assim mudo meus perfis, meus textos, meus registros históricos por assim dizer.
Contudo mudanças não ocorrem sem perdas, e sempre que mudo algo que escrevo aqui, no cyber espaço, não consigo deixar de pensar no quão triste é deixar que essa informação se esvaia. Antes fosse um caderno amarelado de páginas quase se desfazendo, meus textos seriam mais imortais que os que escrevo aqui, em códigos binários ilegíveis senão a esta coisa escrota. Assim deixarei abaixo um texto de apresentação que estou prestes a matar, arrancar como erva daninha de seu local de enraízamento.


Was ist mir?

Se há algo que deva saber sobre mim é que eu gosto de cachorros.
São animais incrívelmente sociáveis, carinhosos e infantis. Eu, como um
cachorro, sou bastante passional. Me sinto inteiro quando brinco com os cachorros. Me sinto imensamente feliz. Estranho que meu nome seja Sirius, faz muito sentido.

Você deve saber também que almejo algo. Almejo uma imagem na qual entra uma tela de computador onde escrevo, insistentemente. Talvez haja espaço sobre a mesa para estudos anatômicos de plantas, pessoas ou animais... enfim, de coisas vivas. Talvez haja espaço para um quadro de besouros espetados.
Quero um cão. Já disse que gosto de cães. Ele (é um garoto) pode estar lá fora, pedindo carinho, ou deitado no tapete, aos pés da cama - essa imagem é em um quarto. Há nela também capuccinos, e um alguém que se encaixa perfeitamente, e que agora ganhou contornos bem definidos. Não se importe com a aparência da casa, com o lago, ou com as espécies de árvores do jardim - estes são detalhes prazerosos que não dividirei assim, descuidadamente, com pessoas alheias a minha imagem.

Não me falem em dinheiro, não insistam em racionalidades - o quê almejo é assim, simples e inatingível. Sou um idealizador, uma alma platônica. Tenho inclinações socialistas, mas não flutuo em minhas idéias ao ponto de achar que isso daria certo. Ao contrário, as coisas não dão certo pela falta de pessoas, assim como eu, completamente sem sentido. Sou feliz por ser completamente gouché.
Quero tocar piano. Já toquei, muito pouco.
Quero falar alemão. Já falei, muito pouco.
Quero conhecer a Inglaterra. Já conheci, muito pouco.
Quero viver plenamente. Já vivi, mas foi muito pouco.
Sou um ser de exageros. Nada me basta.
Nasci no outono. Talvez por isso goste do frio e traga em mim uma alma meio depressiva. Quando não sou grave, sou criança. Há uma sabedoria sem fim na ingênuidade; embora isso não passe de uma crença. Não tenho crenças, se não as que me convencem pela sua beleza, pois as coisas belas tem o privilégio de ser completamente sem sentido.
Nesse aspecto, devo ser belo. Espero ser belo, pois a quem não o é só resta o sentido e a praticidade. Sou por vezes racional e prático sem me reduzir a isso.
Rien de rien >>> Das ist mir.

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