terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Pão de Queijo

Descrevia amor como dentes-de-leão, sementes aladas, brancas, macias. Descrevia amor como paz que cresce na Terra e se desfaz na tempestade pra florescer na primavera. Descrevia o amor como conhecia o amor, como se apresentava. Estranho que em sua cabeça o amor era físico, tangível, eterno. Estranho que em sua cabeça era como conto-de-fadas, muito mais distante da descrição precisa de dentes-de-leão.
Precisa pela mutabilidade. Precisa pela curva adrupta, repentina, pelo fim inesperado. Precisa porquê de todas as sementes as vezes nenhuma brota. Precisa porquê de todas as sementes a que brota as vezes é maldita.
Descrevia o amor mais próximo da realidade do que o sentia, até que o viu real como descrevia.
Pois, amor não vem em forma de planta viva que cresce e reproduz para ser eterna. Amor não vem em forma de viajante da brisa, não vem de passagem. Amor vem de onde menos se espera. Amor vem quente, e é consumido quente... Amor carece de ser requentado dia a dia, cozido a fogo lento. Amor carece de surpresa. E sobretudo, amor é porto-seguro, não soprado pelo vento.
De repente tem gosto de tarde chuvosa, de sono nos lençóis, de café com leite batido. De repente o amor não é eterno, mas é breve todos os dias com o mesmo sabor, quiçá da mesma pessoa.

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