terça-feira, 7 de setembro de 2010

Powerslave

Boa tarde, caro leitor. Espero que seja uma boa tarde, pois a minha é uma tarde horrível. Há dias em que acordo assim, com gosto de sangue na boca - de novo espero que já tenha se acostumado a minha maneira fatalista de descrever sentimentos e entenda que isso não tem sequer um cisco de antropofagia, é só raiva. Hoje, especificamente, não vou pedir perdão pelo exagero da forma de minha escrita. Entenda ou dane-se, vá ler outro blog.

Está chovendo. Eu até gosto da chuva. Chuva pressupõe um lugar acolhedor, um sofá com cobertores, filmes na TV, família, capuccino quente. Depois de um período de seca razoavelmente longo minha casa está com camadas espessas de poeira. Não há um lugar onde eu possa me esconder da secura. Sabe quando o lugar está overwhelming? Não faço idéia de qual é o termo em português e é problema seu, caro leitor, se não entende o inglês. O termo anglicano é capaz de descrever a situação melhor que o lusitano, e não vou empobrecer meu texto pela possibilidade de leitores menos cultos que eu.

Ouço Rock'n Roll pela primeira vez em décadas. Precisamente o álbum que dá título a esta entrada de diário. Julgo as entradas de diário expostas ao público na internet uma babaquice, e ainda assim estou aqui. I'm somewhat vain.

O pior desses dias de raiva é que não há neles motivo algum para se ter raiva. Isso é o pior. A razão das pessoas calmas não entende que não há justificativas para a raiva. É como a poesia contra a prosa. A primeira é a forma, não tem explicação ou utilidade, a segunda é a motivação em si, e morre sem alcançar seus objetivos quando não tem sentido. Diante disso esse texto deve ser uma merda. Não tem objetivo nenhum.

Aliás, minha raiva vem de algum lugar sim. São todas coisas pequenas, sempre bastante pequenas para passarem desapercebidas e serem relevadas. Num dia qualquer, em que se acorda com não sei que gosto ruim na boca, ou não sei que incomodo nos ombros, ou não sei que fio de cabelo um pouco fora do lugar, ou não sei que o quê, que também é suficientemente pequeno e insistente, explode-se.

I wonder if I'll give up on hitting the "post" button down there. I might do it, after all it may work as a trap door for my heart, and throw alway all this mud.

Em tempo: o ócio não é uma ferramenta criativa. Quem foi o idiota que disse isso? Sentimentos intensos - ou seja reações químicas suficientemente complexas e incomuns - são uma ferramenta criativa. Tudo o que o ócio faz é trazer o tédio, e tudo o que o tédio faz é trazer a raiva, ou a indiferença. O fato, caro leitor, é que eu simplesmente não aguento mais não fazer nada.

Agora sim - na calma: perdoem. Perdoem este texto, filho da indiferença.

3 comentários:

  1. Ei Velho! precisa sair.. shopping, cinema, boliche, livraria, praça publica, sei lá o que..
    xPp

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  2. UAhuhas nah... já to melhor hoje já. EU VOU ARRUMAR O QUARTO =D (e minha porta saí hoje hehe)

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  3. Mas mesmo na raiva você consegue fazer com que da sua mão escapem palavras intensas e inevitavelmente cativantes. Isso é uma das coisas que eu mais amo em você.

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